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exposição

Sobre Vivências

 

 

Na desconstrução desse e de outros pensamentos fundamentados pelo racismo, o Julho das Pretas 2020, evento que celebra o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha e homenageia Tereza de Benguela, heroína e líder da luta pela liberdade e igualdade para o povo negro.  Entre seus objetivos estão o fortalecimento da organização e o empoderamento da mulher negra.

            

 “O imaginário brasileiro, pelo racismo, não concebe reconhecer que as mulheres negras são intelectuais”

                                                   Conceição Evaristo

As artistas Eliana Brasil, Fernanda Castro e Kenia Coqueiro trazem histórias vividas, sofridas, erguidas, ancestrais e cotidianas da mulher negra brasileira. As mesmas com a ousadia de quem sabe que todo lugar é o seu lugar,  ocupam o espaço de protagonismo nas artes e na intelectualidade, tendo como referência  as  representadas na exposição, ressaltando a força e resiliência da mulher negra.               

Nessa perspectiva o Coletivo Ero Erê, formado por mulheres negras artistas, participa com a Exposição Virtual: “Sobre Vivências”, compostas por obras produzidas especificamente para esse momento de reflexão conduzida pelo mote: “A noite não adormece em nossos olhos enquanto o racismo não morre” e por textos e poemas da escritora Conceição Evaristo.  

Veja os trabalhos

Fernanda Castro - Mulheres e Poesias

      Fotografias de Fernanda Castro inspiradas nas poesias de Conceição Evaristo.
A fotógrafa faz uma homenagem às mulheres das Comunidades Quilombolas do Paraná.

Edna Coqueiro

Kênia Coqueiro - Camafeu 2020

Falar de nossas agruras e superações, traduzir as vivências das negras mulheres brasileiras de forma explícita e poética tem sido um presente bem ornado, de Conceição Evaristo para o mundo. A obra Vozes-Mulheres musicou aquilo que movimenta minha arte,  minha ligação com as mulheres que sou.

Como a joia que dá nome à obra, Camafeu é um adorno impregnado de memórias,  é uma pintura que se aproveitou de meus afetos como artista por mim mesma, minha vó, minha mãe e minha filha, para esculpir camadas de tinta sobre madeira. É um autorretrato emoldurado de vivências que semeiam e germinam incessantemente o meu desejo de produzir possibilidades de fomentar amores.

Vozes-Mulheres

 

A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
ecoou lamentos
de uma infância perdida.

A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.

A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela

A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
        e
        fome.

 

A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.

A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade.
    (Conceição Evaristo. Poemas de recordação e outros movimentos, p. 10-11).

Camafeu. KENIA COQUEIRO, acrílica e sementes sobre madeira.2020.

Eliana Brasil - Sobre Renascer

"Nascemos todas as manhãs...
Sob os olhos que não adormecem a vida é um permanente refazimento."

 Eliana Brasil         

Vídeo performance

 

Eliana Brasil

"Sobre Natalina Soledad". (9'34")

2020

 

Trechos do conto "Natalina Soledad", de Conceição Evaristo - no livro "Insubmissas lágrimas de Mulheres"

Eliana Brasil

"Renascimento" 

Instalação têxtil - Manequim, Crochês e arames diversos

175 x 107 cm

2020

Eliana Brasil "Renascimento"  Natalina Soledad
Eliana Brasil

Eliana Brasil

(Eliana da Silva, Belo Horizonte, MG, 1973)
A artista visual é graduada em Artes Visuais pela UFPR (2019). Integra o Coletivo Ero Ere
Mulheres Artistas, junto com outras artistas negras em Curitiba. Apresenta em seus
trabalhos questões pertinentes à memória, afetividade e pertencimento, sua poética
também aborda a autoafirmação e a construção de identidade da mulher preta.
A artista se expressa por meio da Performance, Pintura e de Instalações têxteis, pensando
as possibilidades de intersecção da arte têxtil com as linguagens da pintura e escultura.

Ativista da identidade racial e pertencimento da população negra, integra desde 2016 a
Rede de Mulheres Negras do Paraná - RMN-PR.

•2016 - Participou de exposições coletivas, na CEU - Casa do Estudante Universitário e no
DEARTES - Departamento de Artes da UFPR.

•2017 - Elaborou e desenvolveu o projeto para revitalização do MUPE - Museu de Periferia
de Curitiba; “TECENDO UM CAMINHO”.
- Idealizou e elaborou o encontro “Café com Arte e Estética”, juntamente com o Espaço
Africanitude - Kênia Coqueiro, para a RMN-PR. (Oficina voltada para a construção e
fortalecimento da autoestima da mulher negra, por meio de auto cuidados e abordagens
sobre a influência da História da Arte).
- Participou da exposição coletiva "ReExistir" com jovens artistas negros, na Fundação
Cultural de Curitiba.

•2018 - Iniciou pesquisa sobre a presença de artistas mulheres negras em Curitiba, que
culminou na formação do Coletivo "Ero Ere Mulheres Artistas". - Participaram, no mesmo
ano, de mostras no Museu Paranaense, SEED e Museu do Saneamento - SANEPAR.
•2019 - Foi proponente e participou da mostra coletiva “Ero Ere: negras conexões” no
Museu de Arte Contemporânea do Paraná - MAC/PR.
- Participou como performer no 1° "Simpósio Internacional de Performance Arte" em
Curitiba, com a apresentação da Performance "Carne Nobre".
- Participou da mostra coletiva "Estratégias do Feminino", no Farol Santander em Porto
Alegre.
•2020 - Participou da mostra coletiva "Linha Preta" no espaço de arte Inter Americano.

Fernanda Castro

Fernanda Castro

Fotógrafa, formada em Comunicação Social – Jornalismo pela UFPR. Pós-graduada em
Fotografia como Instrumento de Pesquisa nas Ciências Sociais pela Universidade Cândido
Mendes e em Artes Plásticas pela Faculdade de Artes do Paraná. Trabalhou na Secretária
de Comunicação Social do Paraná e nos jornais O Estado do Paraná, Correio de Notícias e
Gazeta Mercantil, como repórter fotográfica. Foi professora de Fotojornalismo na
Universidade Católica do Paraná e na Universidade Estadual de Ponta Grossa.
É reconhecida também pela documentação fotográfica que fez das comunidades
quilombolas do Paraná. Participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, com
destaque para a exposição “Para nunca esquecer - Negras Memórias - Memórias de
Negros”, realizada em 2005, no museu Oscar Niemeyer, além da exposição intitulada
“Comunidade Negra do Sutil”, em 2009, na Biblioteca Especializada em Cinema André
Malraux, em Paris-França.
Em 2007, lançou o livro “Comunidades do Feixo e da Restinga: herança dos
afro-descendentes da Lapa” e, em 2012, lançou o livro “Comunidades do Sutil e de Santa
Cruz: herança quilombola da região dos Campos Gerais”.
Tem obras no acervo do Museu Afro Brasil em São Paulo, do Centro Cultural Brasil
Espanha em Curitiba e do Museu Oscar Niemeyer em Curitiba.
Como membro do coletivo EróÊre, participou da exposição “Negras Conexões” no Julho das
Pretas em 2019, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, e da exposição “Estratégias
do Feminino”, em 2019, no Farol Santander em Porto Alegre.

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Kênia Coqueiro

Graduada de Licenciatura em Artes Visuais, atua como trancista, artista visual e professora.
Possui no currículo exposições coletivas, oficinas e palestras em educação para as relações
étnico-raciais. Idealizou o Espaço Africanitude onde, através da estética, trabalha a
promoção da cultura afro e positivação do patrimônio imaterial da mulher negra.
Entre 2015 e 2017, realizou a feira Africanitude: Arte, Literatura e Estética, em conjunto com
o Centro Cultural Humaitá e Fundação Cultural de Curitiba. Em 2017, iniciou as atividades
junto ao Coletivo de Jovens Artistas Negros em Curitiba, Africanitude, com a Exposição
ReExistir. Atua desde 2016 como professora de Arte da Rede Estadual de Educação do
Paraná. Trabalhou também na ONG Afroglobo como professora na formação técnica geral
para adolescentes em vulnerabilidade social junto ao programa PROJOVEM Adolescente.
Foi bolsista estagiaria no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do
Paraná, realizando pesquisas e oficinas na área artística.

Sua produção está focada na pintura da figura feminina negra sobre materiais rejeitados,
propondo um olhar subjetivo, realista, amoroso e acolhedor dos cotidianos destas mulheres.

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